Criocirurgia

O termo crioterapia significa o tratamento de patologias com o uso do frio, sem obrigatoriamente provocar destruição tecidual. O dermatologista é o especialista com conhecimentos específicos em criobiologia.
A criocirurgia é a destruição de tecidos pelo uso da baixa temperatura com objetivos terapêuticos. A criocirurgia foi usada pela primeira vez no século passado por James Arnoldt, que exibiu o primeiro aparelho para criocirurgia em 1851.
A criocirurgia tem-se tornado importante no arsenal terapêutico do cirurgião dermatologista. Simples e eficiente no tratamento de diversos tumores benignos e malignos de pele. Pode ser usada em pequenas, médias e grandes lesões, quer como tratamento de escolha ou mesmo como tratamento paliativo de tumores inoperáveis.
Pacientes idosos portadores de doenças crônicas, com múltiplas lesões de pele são aqueles que mais se beneficiam da criocirurgia, evitadando se submeterem ao stress físico e psíquico de alguns tipos de cirurgia para retirada de tumores cutâneos.
A seleção correta dos pacientes e bons conhecimentos sobre o pós-operatório imediato e tardio são muito importantes para o sucesso deste método.
Mecanismos de ação provocados pelo frio:
- Desequilíbrio osmótico o frio gera um desequilíbrio entre as concentrações salinas dentro das células o que causa retenção de líquidos ou edema dentro das células doentes. Esse fato inicia a destruição dessas células.
- Cristais intracelulares. A formação desses cristais, gerados pelo frio, é determinante na ruptura e morte celular
Outros fatores importantes são a mudança da circulação sangüínea do tecido doente leva à redução da chegada de nutrientes e posteriormente aumento da presença de células de defesa no tecido doente.
Técnicas básicas de aplicação
- 1.Estilete com ponta de algodão (Deepstik): usados apenas em lesões superficiais. Não são indicados para tratamento de lesões malignas.
- 2.Técnica de atomização "spray": usados em superfícies irregulares (nariz, pavilhão auricular) e superfícies amplas.
- 3.Técnica da atomização com cone de neoprene ou de plástico.
- 4.Técnica do contato sólido (particularmente indicada em):para as superfícies onde o contato com o sistema fechado é o mais uniforme possível ou mesmo em superfícies preparadas para esse fim (curetagem prévia) e para as lesões vasculares.
Indicações
- tumores com bordas bem delimitadas;
- pacientes idosos;
- com múltiplas lesões;
- pacientes que possuem marcapasso;
- uso de anticoagulantes;
- indivíduos ansiosos e com pânico de cirurgia;
- remoção de manchas senis;
- tratamento do envelhecimento ?criopeeling?;
- facilidade de tratamento e custo.
Localizações preferenciais:
(áreas próximas a cartilagens)
- Nariz
- Pavilhão auricular
- Região esternal
Contra indicações:
- Carcinoma basocelular metatípico
- Carcinoma esclerodermiforme
- Carcinoma espinocelular
- Tumores recidivados após outras cirurgias.
Reações adversas ao processo criocirúrgico:
1-Reações imediatas:
- A dor (pior na região região frontal; tipo enxaqueca)
- A sensação de "queimação" moderada durante a criocirurgia.
- Edema e exsudação nas primeiras 24/48 horas são normais. Hemorragia (raramente)
- Formação de bolhas de pele flácida, que se resolvem em 4 a 5 dias (ocorrem pela insuflação de gás nitrogênio no tecido subcutâneo).
2-Reações tardias
- Sangramentos (raros);
- infecção (raros);
- Hiperplasia pseudeudoepiteliomatosa (na segunda ou terceira semana após a criocirurgia) tecido de granulação ou ?carne esponjosa? que seca sozinha ou com aplicação de acido fraco no consultório;
- Pigmentação nas margens da cicatriz cirúrgica (pessoas de pele escura) que regride em cerca de 3 a 4 meses;
- Alterações de sensibilidade são transitórias;
- Atrofia pode ser esperada em áreas de lesão bruscamente destruída. A atrofia pode ser decorrente de hipercongelamento;
- Cicatrizes podem ocorrer em processos prolongados de cicatrização ou quando houver infecções.
Revisão: Dr. Aldo Toschi
Sócio Efetivo da Sociedade Brasileira de Dermatologia.Sócio Fundador da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica. Dermatologista do Instituto Brasileiro de Controle do Câncer.Membro do Grupo Brasileiro de Melanoma